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Watson Portela - Mestre das Paralelas

Watson Portela Barroso nasceu em Recife, Pernambuco, a 18 de outubro de 1950. Watson é um dos grandes desenhistas nacionais que possuem um trabalho consistente. Watson, que assina também como "Barroso" e "Helga" . foi um dos primeiros brazukas a se destacar no cenário quadrinístico da década de 80, em meio a hegemonia do gênero super heroístico “enlatado” Americano. Seu trabalho mais conhecido do grande publico é o álbum Paralelas e Vôo Livre. Watson iniciou seus trabalho em fanzine e mais tarde teve sua arte publicada em diversas editoras como a Vechi, Graphipar, Abril e outras.
Sua primeira obra profissional foi uma HQ histórica para a Ebal de Adolfo Aisen, que jamais foi publicada. Em 1979, publicou em Spektro, da Editora Vecchi. Então não parou mais. Fez terror, erotismo, western, humor e super-heróis para Grafipar, Press entre outros . Watson era um fenômeno nas artes-gráficas brasilis. Dono de traço ímpar! Seus desenhos fizeram a cabeça de toda uma geração. Foi o papa do quadrinho de ficção brasileira dos anos de 1980. Logo, foi contratado pela Editora Abril. Passou a desenhar Trapalhões, Disney, He-Man e ... Jovem Radical.


Cronologia do artista

1971 - produz uma unica edição do faroeste "O Águia", escrito por seu irmão, o jornalista Wilde Portela.Ilustra capas e artigos no supremento infantil "Junior", do "Diário de Pernambuco".
1972 - Começa no mesmo jornal a traçar cartoons e quadrinhos de temas históricos e em seguida passa a fazer bicos em publicidade e ilustrações.
1974 - Participa do salão de humor do Canadá.
1976 - Produz a Capa do LP e a cenografia do grupo "Quinteto Violado". Neste período produz três historietas curtas de terror para a editora Taika, que não chegaram a ser publicadas chegando a serem extraviadas da redação da editora.
1977 - Produz para a editora Ebal "O Caçador de Esmeraldas" e a "Vida de Napoleão", que permanecem inéditos até hoje.
1978 - Muda-se para o Rio de Janeiro e começa a produzir para a editora Vecchi, Chet, e historias curtas de terror. É nesta época que começa a transparecer a influência da Ficção científica em seus trabalhos e produz a primeira de suas obras primas "paralela", publicada na revista "Spektro" da editora Vecchi.
1980 - Muda-se para Curitiba onde passa a colaborar para a editora Grafipar, produzindo desde ficção até quadrinhos eróticos assinados com o pseudônimo de Barroso. É desta época que nascem várias histórias memoráveis como "Xanadu", "Robô Gigante", "Supergay" e o faroeste dramático "Rex".
1982 - Desenha para a editora RGE três edições do faroeste "Colt 45". No mesmo ano é publicado em revistas na França.
1983 - Volta a Recife e colabora com a editora Ondas, publicando várias histórias autorais nas 5 edições da revista "Inter Quadrinhos".
1984/1985 - Vem para São Paulo e colabora com a Press editorial, produzindo várias obras como " O Cão do Inferno", "O Machado" e "O Alienígena".
1986 - Morando em São Paulo e em prena produção, é publicado seus dois primeiros álbuns solo, "Paralelas" e "Entidade Zero".
1987 - Passa a trabalhar na editora Abril e desenha desde He-Man, revista do Gugu e heróis japoneses de live-action que estavam na moda.Também ,na Abril, fez capas para HQs como Crise nas Infinitas Terras, Capitão América, Heróis da TV, Novos Titãs, Grandes Heróis Marvel, Super-Homem, Marvel Especial, Jaspion, Changeman, Pato Donald e Tio Patinhas


1988 - Produz juntamente co Primaggio, o projeto "War-Man" para o grupo Pão de Açucar, desenhando posters e quadrinhos para uma revista de distribuição gratuita. Produz ainda na editora Abril a revista As Gatinhas tendo apenas duas edições e publica na revista Aventura e ficção algumas hqs autorais.
1989 - Assim que sai da editora Abril, produz para a editora Vidente algumas hqs de ficção para a revista Pau-Brasil e é lançado pela mesma editora a mini série em quatro edições Paralelas.
1990 - Enfrenta alguns problemas familiares e volta para Recife onde permanece durante uns 10 anos somente produzindo para fanzines.
 2001 - Iilustrou matérias para a revista Playboy, nesse mesmo ano publicou o álbum A Última Missão
 2002 - Em um breve retorno ao circuito comercial lança pela editora Ópera Grafica dois maravilhos álbuns, "Paralelas II" e "A Última Missão" , um crossover de personagens criados por Eugênio Colonnese..
2003 - Deixa de lado as editoras tradicionais e publica seu próprio fanzine, o "Fanzine Paralelas", onde produz quadrinhos autorais e resgata antigas obras.
 2004 a 2008 - Fica totalmente sumido da mídia mailstrem, mas continua desenhando algumas HQs autorais, onde publica na MRD, editora alternativa, a serie Ecos da Vida e também alguns projetos autorais como “O Último Voo Livre” e “Entidade Zero 1/2 do Fim”…..

2011 -  Após alguns anos afastado do mercado brasileiro, Watson anunciou que estaria desenhando a graphic novel "Cabeça Oca e os Elfos de Terra Ronca".

Entrevista feita por Giovanni Voltolini em 27 de abril de 1982, em Curitiba.
GIOVANNI: Como foi seu início nos quadrinhos?
WATSON: Comecei no Diário de Pernambuco fazendo algumas tiras para o Suplemento de sábado, fiz também quadrinhos em publicidade e depois de algum tempo fiz uma revista com roteiros de meu irmão Wllde. Uma revista chamada ÁGUIA com histórias de guerra. Preparamos toda a revista para ser impressa em Arapiraca, totalmente em clichê, mas ela não saiu.
GiOVANNI: Quando você começou a publicar nas editoras?
WATSON: Eu mandei meus trabalhos para todas as editoras do Brasil, mas só recebia negativas. O primeiro que aceitou meu trabalho foi o Aizen. ele gostou e encomendou o Caçador de Esmeraldas que não foi publicado até hoje, em seguida fiz um trabalho para a Vecchi que comprou logo de cara. Depois de um certo tempo o editor da época, o Otacilio, me convidou para ir ao Rio de Janeiro, fui e fiquei. Cheguei a produzir para a Ebal uma HQ sobre a vida de Napoleão Bonaparte, mas também não foi publicada. A partir daí comecei a trabalhar para a Vecchi.
GiOVANNI: Você tem material inédito em outras editoras?
WATSON: Antes da Vecchi e da Ebal. havia mandado para a Ed. Talka, que encomendara um material, 2 ou 3 histórias. mas não publicaram e não recebi os originais até hoje. Não tenho nem cópias deles.
GIOVANNI: Você fica com todos os seus originais?
WATSON: Eu tenho pouquíssimos originais, porque a maioria sumiu, uma parte eu dei, e a outra ficou nas editoras. A Vecchi mesmo tem uma porção de originais. As editoras não dão nenhuma atenção aos originais depois de publicados. Jogam num canto e acabou. Na Grafipar a gente não tem esse problema, porque os originais são sempre devolvidos. (N. do E. a PRESS também devolve os originais).
GIOVANNI: Você usa algum pseudônimo?
WATSON: Meu nome é Watson Portela, mas assino Watson ou Barroso que é o sobrenome de minha mãe.
GIOVANNI: Quantas páginas você já chegou a fazer em um dia?
WATSON: Já cheguei a fazer 20 páginas com roteiro, lápis e nanquim. Agora, só a lápis fiz mais de 30 páginas.
GIOVANNI: Não é um ritmo muito puxado?
WATSQN: O trabalho é muito comercial, prefiro fazer uma única página mais bem transada, por dia, por que eu curto o que eu faço, adoro minha arte e por isso vou sempre procurando evoluir. Vivo aprendendo diariamente.
GIOVANNI: Qual o roteirista nacional que você mais gosta?
WATSON: Eu gosto muito do Julio Emilio Braz que faz muita coisa boa, agora não puxando, o melhor é meu irmão Wilde.
GIOVANNI: Como você gosta de receber os roteiros que você quadriniza?
WATSON: Prefiro um rafe (esboço) que me deixa mais a vontade.
GIOVANNI: Como você faz uma HO?
WATSON: Primeiro eu pego um bloco de papel e um lápis, e fico sentado na cama, vendo televisão, e procurando inspiração, quando pinta o estalo começo a escrever, faço a história à noite entre 7 e 10 horas e no dia seguinte começo a desenhar, desenho direto esboçando de uma vez só e depois passando tinta.
GIOVANNI: Qual de suas HO que você mais gostou de fazer?
WATSON: Bom, a história não é propriamente mInha, era uma cópia de uma americana, mas foi o trabalho que eu mais gostei, é a HQ “Uma Alma para o Demônio” que foi publicada na revista Pesadelo da Vecchi.
GIOVANNI: Quais os desenhistas que influenciaram sua carreira?
WATSON: No começo foi Jack Kirby, atualmente é o Giraud. Acho que ele é o maior de todos os desenhistas. Entre os nacionais quem eu gosto pacas em primeiro lugar é o Shima, acho ele incrível, segundo, o Colin, que tem um estilo totalmente diferente, moderno, que eu gosto muito e ainda o Mozart e o Ofeliano.
GIOVANNI: Dos quadrinhos internacionais o que você mais gosta?
WATSON: Gosto do estilo europeu, leio o Asterix, o Tintim que acho muito cinematográfico e como não podia deixar de ser o Giraud. Sou fã do Salinas, principalmente do Cisco Kid. Quanto aos Super-heróis gosto dos X-Mens, do Quarteto Fantástico e do Demolidor de Frank Milier.
GIOVANNI: O que você mais curte dos Super-heróis nacionais?
WATSON: Um dos que eu mais curto é o Raio Negro do mestre Gedeone. O que mais me atrai é a simplicidade do trabalho, da história, o traço limpo, a narrativa objetiva. Agora fugindo dos Super-heróis tem muita coisa boa no Brasil e posso citar duas delas: o Lobisomen e a Múmia com roteiros do Gedeone e traços do excelente Sergio Lima de quem sou admirador.
GIOVANNI:Porque você capricha mais nos trabalhos para os fanzines como a HQ para a Historieta e a capa para o Universo?
WATSON: O trabalho depende muito do clima. Quando estou fazendo para uma editora, estou pensando na grana, no prazo; no fanzine não, eu geralmente me proponho a fazer, faço com carinho, sei que o cara não tá cobrando, não vai pedir nada. um trabalho que eu gosto de fazer.
GIOVANNI: Fale sobre seu trabalho com HQ erótica?
WATSON: No começo eu ficava meio chateado em fazer, mas hoje acho um material normal, mas faço por sobrevivência.
GIOVANNI: Como todo desenhista de quadrinhos você gosta de cinema, que tipo de filme você curte?
WATSON: Os filmes que eu curto são da linha de ficção ou faroeste, filmes como Superman, Alien, Guerra nas Estrelas, Caçadores da Arca Perdida e o E.T. que eu assisti umas 20 vezes, ele tocou fundo na minha sensibilidade.
GIOVANNI: Como leitor de HQ o que você sente falta quando vai nas bancas hoje em dia?
WATSON: Sinto falta do formatão que publicava a Ebal, aquelas séries do Batman, Flash, Gavião Negro, hoje além dos formatinhos não tem mais nada.
GIOVANNI:Fale um pouco sobre a influência da música no seu trabalho?
WATSON: Eu só consigo desenhar ouvindo música. E o meu estúdio também tem que estar cheio de plantas e brinquedos. Tenho uma coleção de brinquedos e gibis, só assim eu me sinto bem e crio um clima para pintar as idéias.

O fato é que Watson Portela foi e continua sendo um dos ícones da arte Brazuka, provando que os fãs de quadrinhos não precisam ficar restritos aos produtos das grandes editoras americanas.
Atualmente não se tem muitas noticias do paradeiro no Watson, parece qua atual mente se encontra em recife dando aulas em uma escola de desenho e fazendo trabalhos esporádicos para publicidade.

Fontes :
Angel Fire
Opera Graphica
Wikipédia


 
 Super Herois Brasileiros por Watson

Comentários

  1. CAPITÃO BRASIL by Mauricio dos Santos
    ® e assim surgiu... CAPITÃO BRASIL Estevão Corrêa Dions, cidadão brasileiro, fez um projeto avançado de fazer qualquer um que estiver na câmara do computador molecular, ter poder de força ampliada, campo molecular a prova de projétil e vôo. sua dedicação a ciência fez com que sua vida tomasse rumo diferente.hoje com seu ideal patriótico, capitão - Brasil não irá mudar o mundo.o passado dos correias, foram amargos mas... nem por isso sua educação moral foi mudada.e seus ideais prevaleceram sem nunca desistir de mudar o mundo da melhor forma possível.capitão
    https://pt.gravatar.com/universox1 ms.studio.textoeimagem@gmail.com

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